A Visão Yang do Mundo Atual e o Retorno ao Oceano Primordial
Hoje, o mundo que conhecemos é dominado pela visão Yang: é um mundo voltado para a ação, a força, a lógica, a competição e o controle. Essa maneira de viver prioriza o fazer constante, o conquistar, o material, o racional — e está tão enraizada que parece ser a única forma de existir. Mas nem sempre foi assim.
Como era há 12.000 anos?
Se voltássemos no tempo, antes das grandes civilizações surgirem, encontraríamos um mundo com uma visão muito mais Yin. A energia Yin é ligada à intuição, à sensibilidade, ao acolhimento, à sabedoria interior e ao fluir natural das coisas.
Naquela época, o ser humano estava mais conectado com a natureza, com os ciclos da Terra e do cosmos. O feminino era sagrado. A Deusa Mãe era reverenciada, pois dela se acreditava que vinha a vida, a fertilidade, a abundância e o mistério da criação.
As mulheres eram vistas como portais do divino: aquelas que geravam vida, que curavam, que lideravam espiritualmente as tribos. Elas não eram subordinadas, mas respeitadas, honradas e, muitas vezes, líderes em suas comunidades.
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O que aconteceu para tudo mudar?
Com o passar dos milênios, especialmente com a Revolução Agrícola e, depois, a formação das grandes civilizações e impérios, começou uma transição profunda:
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A ênfase saiu da conexão com a natureza para o controle da natureza.
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Da reverência pelo mistério, passamos para a necessidade de dominar e explicar tudo racionalmente.
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O mundo físico (Yang) começou a ser mais valorizado que o mundo invisível (Yin).
As religiões e os sistemas de poder da época também ajudaram a consolidar essa mudança. A Deusa foi substituída por Deuses masculinos. A mulher, antes símbolo de sabedoria e vida, foi gradualmente reduzida a um papel secundário: propriedade, serva, pecadora, ou objeto.
Assim, a visão do feminino sagrado foi sendo apagada da memória coletiva.
Como as mulheres são vistas hoje?
Hoje, apesar de todos os avanços, ainda carregamos as cicatrizes dessa mudança.
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A mulher é constantemente avaliada por sua aparência, produtividade e submissão a padrões.
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Ainda existe desigualdade e violência baseada no simples fato de ser mulher.
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Muitas mulheres (e homens também) foram ensinadas a rejeitar seu lado Yin — a intuição, a suavidade, a conexão interior — como se fosse algo "fraco".
No entanto, estamos também vivendo um grande despertar. Cada vez mais, há uma busca por reconectar-se ao que foi perdido: a sabedoria, a compaixão, a intuição, a harmonia com a vida.
Como voltar ao Oceano Primordial?
Hélio Couto fala que o Oceano Primordial é o estado de unidade pura: é onde tudo é Um, sem separação entre Yin e Yang, sem conflito. Para voltar a esse estado:
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Equilibrar as polaridades internas: unir o masculino (ação) com o feminino (intuição) dentro de si.
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Resgatar o feminino sagrado: não apenas nas mulheres, mas também nos homens. Valorizar o sentir, o acolher, o fluir, tanto quanto o agir.
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Meditar e contemplar: parar de buscar incessantemente fora e começar a ouvir a voz interior.
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Reconectar-se com a natureza: lembrar que somos parte dela, e não seus donos.
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Curar as feridas do passado: perdoar e transformar as memórias coletivas que ainda aprisionam tanto o masculino quanto o feminino.
Voltar ao Oceano Primordial é lembrar quem somos em essência: seres divinos, unidos, completos, perfeitos.
E para isso, não é necessário destruir o Yang — é necessário amalgamar Yin e Yang, para que juntos formem a verdadeira criação consciente.
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