Na jornada da existência, os filhos não são meramente frutos do acaso ou da biologia. São espíritos que, antes mesmo de respirarem neste mundo, já estavam conectados a nós em dimensões mais sutis. No plano astral, onde os véus da matéria não limitam a consciência, assumimos compromissos profundos com determinadas almas. A escolha da família não é aleatória. É um reencontro.
Muitas vezes, os filhos possuem fortes afinidades com um dos pais — seja pela energia semelhante, por laços afetivos de outras vidas ou por questões cármicas a serem resolvidas. Em outros casos, há diferenças tão marcantes que parecem inexplicáveis à primeira vista. Mas até essas divergências têm razão de ser: são oportunidades de crescimento mútuo.
Cada ser nasce com uma personalidade congênita, ou seja, uma estrutura de alma que já traz tendências, virtudes, desafios e aprendizados acumulados ao longo de várias encarnações. Não nascemos como uma página em branco. Já trazemos em nosso campo sutil memórias e inclinações. Essa personalidade é como uma semente que carrega em si o desenho de tudo que pode florescer — mas que depende do solo, do clima e do cuidado para se manifestar plenamente.
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E é nesse ponto que entra o papel sagrado dos pais. O universo, sábio e perfeito, coloca a alma da criança em lares onde um ou ambos os pais têm características, comportamentos ou histórias que irão predispor essa personalidade a emergir. Às vezes, o pai tem a mesma sombra que o filho carrega, para que um sirva de espelho ao outro. Outras vezes, o contraste entre mãe e filha é tão gritante que ambas são forçadas a transcender julgamentos e abraçar a aceitação.
A missão dos pais, espiritualmente falando, não é moldar os filhos à sua imagem, mas preparar o terreno para que eles descubram quem são — com valores, ética, princípios e amor. Educar não é controlar, mas iluminar o caminho. Mostrar, orientar, inspirar... e, por fim, soltar.
Acompanhar uma alma em formação é um dos maiores chamados da vida. Implica observar com atenção não só o que o filho diz, mas principalmente o que ele silencia. Os medos não expressos, as tristezas camufladas, os sonhos não compartilhados. Cada gesto é um sussurro da alma pedindo escuta.
É nossa tarefa cultivar esse jardim com todo o amor e o zelo de que somos capazes. Acolher com ternura. Orientar com firmeza. Proteger sem prender. Ensinar a voar, mas não decidir a direção do voo.
E quando o coração apertar — porque inevitavelmente apertará —, que possamos orar, pedindo apoio dos mentores espirituais que acompanham cada família. Eles estão presentes, muitas vezes em silêncio, mas atentos, nos guiando quando pedimos com fé.
Cada filho tem sua própria verdade, seu próprio tempo, seu próprio caminho. E amar, verdadeiramente, é também respeitar essas escolhas, mesmo que elas não sejam as nossas.
Que possamos ser pontes entre o céu e a terra para essas almas que nos confiaram suas primeiras etapas nesta existência. Que sejamos luz para que eles caminhem... mesmo quando decidirem seguir por rotas diferentes das nossas.
E que o amor sempre seja o fio invisível que nos une, além das palavras, além do tempo, além da vida.
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